Edição Atual

Prezados Leitores:
Impregnados de júbilo e alegria decorrentes do início do ano 2025, com esperanças renovadas nos caminhos que a humanidade poderá vir a trilhar, os Editores da Revista Eletrônica Acta Sapientia convidam aos seus leitores a desfrutarem dos artigos que compõem a 12ª Edição. A apresentação dessa Edição nos é propícia para discorrermos acerca dos 40 anos de Democracia brasileira, ademais das gigantescas conquistas que nos brindaram as mulheres brasileiras, pioneiras na Educação.
Democracia: do Povo, para o Povo
O grego Platão (428-347 a.C.), cujo nome é derivado do apodo em referência aos seus ombros largos, foi discípulo de Sócrates (470-399 a.C.) e um dos primeiros críticos à Democracia. Em sua obra “A República” argumentou que a falha desse sistema estava no princípio de escolha decorrente da vontade majoritária de uma população, que às vezes não possui conhecimento suficiente para tomar decisões corretas e adequadas. Na Ética a Nicômacos, obra de outro grego, Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, foi mais crítico: para ele, a Democracia é uma forma defeituosa de governar, porém, a menos perversa. Para Abraham Lincoln (1809-1865), 16º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), a Democracia é o regime do povo, para o povo e pelo povo. Na visão de Sir Winston Leonard Spencer Churchill (1874-1965), Primeiro Ministro da Grã-Bretanha entre 1940 e 1945, a Democracia é o pior regime criado pelos homens; advertiu, no entanto, que não existe outro melhor. O ex-presidente da República Oriental do Uruguai, José Pepe Mujica (1935), expressou que a democracia é uma “porcaria”, mas reconheceu não haver coisa melhor. O epistemológo austro-britânico Karl Raimund Popper (1902-1994) asseverou que a Democracia é imperfeita, mas perfectível. A Democracia permite a substituição de um governo ruim, sem derramamento de sangue, por vias pacíficas. Acentuou, ademais, que a Democracia deve fundamentar-se em diversos métodos igualitários para o controle democrático, tais como o sufrágio universal e o governo representativo. Não convém condená-la pelos seus defeitos, mas sim aperfeiçoá-la gradativamente, reconhecendo nela a virtude de um regime que fornece o arcabouço institucional para a reforma das instituições políticas, advogou Karl Popper. Com estes aspectos destacados por gigantes filósofos e estadistas, renderemos homenagem a duas jovens Democracias Ocidentais.


40 anos de Democracia no Brasil
José Sarney de Araújo Costa (1930) foi Presidente da República Federativa do Brasil entre 1985 e 1990, tendo expressado em texto alusivo aos 40 anos da retomada democrática as seguintes idéias: no dia 15 de março de 2025 comemoraremos 40 anos de democracia. Saímos de um regime autoritário para a implantação do Estado de Direito, governo das leis, e não dos homens (texto completo disponível na web page da Academia Brasileira de Letras: https://www.academia.org.br/artigos/40-anos-de-democracia


50 anos de Democracia na Espanha
Adolfo Suárez González (1932-2014) foi Presidente do Governo da Espanha entre 1976 e 1981, tendo sido o primeiro presidente eleito democraticamente em 15 de junho de 1977. Citou uns versos do poeta espanhol Antonio Machado, exilado durante a Guerra Civil, em discurso ante as Cortes Espanholas (Congresso Nacional) proferido em de 9 de junho de 1976: Está el hoy abierto al mañana. Mañana al infinito. Hombres de España. Ni el pasado ha muerto. Ni está el mañana ni el ayer escritos. Texto completo disponível em https://www.ersilias.com/discursos-de-adolfo-suarez/?srsltid=AfmBOoqPqsKU7XmCNGBHQzDd0FE69RLw6OSpdWeW1ixbNi6bI9saLW3t


Reconhecimento da importância da Democracia através da 7ª Arte
Em 1911 o intelectual italiano Riccioto Canudo (1877-1923) propôs o “Manifesto das sete artes”, com a Pintura, a Escultura, a Música, a Literatura, a Dança e a Arquitetura, com o Cinema tendo sido inserido como a sétima arte. A primeira publicação da obra ocorreu somente em 1923. Nesse diapasão, o cinema brasileiro e espanhol produziu, em 2024, duas brilhantes obras-prima que abordaram aspectos caracterizadores das duas jovens Democracias.

A película espanhola “El 47” retrata a luta de uma comunidade de Torre Baró, um bairro periférico de Barcelona oriundo de invasões urbanas por migrantes andaluzes, extremenhos e valencianos, no final dos anos 1950. O líder comunitário, sindicalista e motorista de ônibus urbano Manolo Vital, empreende uma luta para levar dignidade aos moradores locais, em forma de obtenção de água encanada, luz elétrica, escola e posto de saúde, além de uma linha de ônibus que lhes preste esse serviço público, em pleno período da retomada da Democracia espanhola, nos anos 1978-1979. Manolo Vital, interpretado por Eduard Fernández, foi um cidadão que se dedicou a cobrar a presença do Estado como garantidor de direitos basilares de uma comunidade pobre. Esta autêntica odisséia quixotesca foi retratada com elevada sensibilidade pelo Diretor Marcel Barrena, resultando na Premiação de Melhor Película na 39ª Edição do Prêmio Goya - 2025.

O filme brasileiro “Ainda estou aqui” foi protagonizado por Fernanda Torres, cuja brilhante interpretação lhe possibilitou a premiação de Melhor Atriz em Filme Dramático na 82ª Edição do Globo de Ouro, ocorrida na cidade norte-americana de Los Angeles, em janeiro de 2025. A excepcional performance do diretor Walter Moreira Salles Jr. resultou na premiação de Melhor Filme Iberoamericano na 39ª Edição do Prêmio Goya, ocorrida na cidade espanhola de Granada, em fevereiro em 2025. Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva que retratou o desaparecimento do seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira, ocorrida entre 1964 e 1985. O filme relata a história de Eunice Paiva em busca de respostas sobre o paradeiro do marido, desaparecido de sua residência em janeiro de 1971, após ser conduzido por agentes do regime militar. Eunice Paiva exerceu sua cidadania ao dedicar sua vida em busca de justiça tanto para sua família quanto para familiares de outros presos políticos, desaparecidos durante a vigência da ditadura militar no Brasil. Os esclarecimentos acerca do desaparecimento de Rubens Paiva só ocorreram em 2014, portanto, 43 anos após o fato, em decorrência da atuação da Comissão Nacional da Verdade, instituída pela 36ª Presidenta da República Federativa do Brasil, Dilma Vana Roussef.

140 anos do ingresso da 1ª mulher na Educação Superior do Brasil
Rita Lobato Velho Lopes nació en 1866 en el pueblo gaucho de San Pedro, en la provincia de Río Grande do Sul. Se convirtió en mujer graduada en una facultad brasilera, activista, feminista y política. Sus primeros años de estudios los realizó en la ciudad de Pelotas, donde la familia se había trasladado, destacándose por su inteligencia desde muy niña. En 1879 un Decreto Imperial en la reforma en la educación firmado por Don Pedro II (1825-1891), permitió el acceso a las mujeres a la educación superior. Pese a esto, los prejuicios de la época hicieron que las pocas mujeres que estudiaban estuviesen separadas en el aula de los estudiantes hombres. Tras la muerte de su madre, en 1883, la familia Lobato se mudó a Río de Janeiro, donde uno de sus hermanos ya estaba estudiando en el Curso de Medicina. En 1884 Rita Lopes se matriculó en el mismo Curso, pero en el año siguiente se trasladó a la prestigiosa Escuela de Medicina de Salvador de Bahía. Transcurridos seis años de estudios, realizó la defensa de su tesis: “Los paralelismos entre los métodos recomendados en las cesáreas”, graduándose con honores en 1887 en la Facultad de Medicina de Bahía, se convirtiendo así en la primera mujer que obtuvo el título en una facultad brasileña. Después de su graduación retornó a Río Grande do Sul, donde se casó en 1889 con Antonio María de Freitas (1861-1926) en la Estancia Santa Vitória. En 1890 nació su única hija Isis. A pesar de las dificultades que encontró, Rita desafió las barreras sociales de su época, en una profesión netamente masculina: muy resuelta comenzó a ejercer su profesión en su propio domicilio, atendiendo principalmente a las personas de menores recursos. Trabajó en el hospital de Porto Alegre, en Río Grande do Sul, pero fue muy discriminada por parte de otros médicos hombres. Instalada en Río Pardo, continuó su labro como médica, realizando entre 1910 y 1925 muchas consultas gratis, aliviando y consolando a los más necesitados. En 1926, Rita Lobato se dedicó a la política, poco después de que las mujeres brasileras obtuvieran el derecho al voto. Militante del Partido Libertador, fue la primera mujer electa Concejal de Río Pardo, en 21 de agosto de 1934, a los 68 años, desempeñándose con la misma dignidad y eficacia que practicó la Medicina. En ese cargo estuvo hasta 1937. Rita Lobato siguió como Presidenta Honoraria de la Comisión de Mujeres, apartándose de la vida política a finales de 1950. Pasó el resto de su vida en Río Pardo, donde falleció en 1954, a los 88 años.

90 anos da Diplomação da 1ª Mulher Negra em uma Universidade no Brasil
Anísia Batista da Silva, nascida em 1900 em Minas Gerais e falecida em 1983 no Rio de Janeiro, foi a primeira mulher negra a se formar em uma universidade brasileira é considerada uma das pioneiras na luta pela Educação das mulheres e dos negros no país. Iniciou sua carreira como professora primária em Minas Gerais, porém, teve que se mudar para o Rio de Janeiro, onde, em 1935, conseguiu diplomar-se em Pedagogia pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convertendo-se, assim, na primeira mulher negra brasileira com um diploma superior. Após a sua formatura, converteu-se numa das fundadoras da Frente Negra Brasileira, nas décadas de 1930 e 1940, organização que lutou pelos direitos dos negros. Além disso, participou ativamente do movimento de valorização da cultura negra no país, promovendo festivais e eventos culturais para resgatar a história e as tradições africanas. Em sua atuação como professora, a partir de 1935, dedicou-se à Educação de crianças negras e pobres, tendo fundado, em 1945, no Rio de Janeiro, a primeira escola primária para crianças negras: a Escola Modelo para Crianças Pobres e Negras, marco na luta pela igualdade racial e educacional. Anísia Batista da Silva é uma referência na história da Educação no Brasil e um exemplo de determinação e coragem para as gerações futuras.

Dia do Professor no Brasil: criação de uma Mulher Negra, Professora e Política
Antonieta de Barros foi uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil. Em 1927, Alzira Soriano foi eleita a 1ª Prefeita do município de Lajes (RN), estado brasileiro pioneiro em permitir disputas femininas. Em 1934, Antonieta de Barros foi eleita Deputada Estadual por Santa Catarina, enquanto Carlota Pereira de Queirós foi eleita Deputada Federal por São Paulo. A eleição de Antonieta de Barros deu-se 46 anos após a abolição da escravatura no Brasil, e dois anos após o Decreto nº 21.076 de 24 de fevereiro de 1932 do então Presidente Getúlio Vargas, que reconheceu o direito de voto às mulheres. Num país preconceituoso quanto à classe social, cor e gênero, Antonieta de Barros tinha orgulho de sua história. Nascida em Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901, conseguiu formar-se na Escola Normal Catarinense como Professora, aos 17 anos, fundando, em seguida, o curso particular “Antonieta de Barros”, com o fito de combater o analfabetismo de adultos carentes, caracterizando-se como pioneira na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Sua fama de mulher enérgica e humana, seu espírito de justiça e senso de responsabilidade social, além de excelente professora lhe oportunizaram lecionar para a elite local, nos Colégios Coração de Jesus, Dias Velho e Catarinense. Teve voz ativa e altiva, numa época em que as mulheres eram silenciadas, contribuindo para a elaboração da Constituição catarinense, na qual escreveu dois capítulos sobre as temáticas de Educação, Cultura e Funcionalismo. Uma das frustrações de Antonieta de Barros foi não ter ingressado no Ensino Superior, impedindo-a realizar o sonho de cursar Direito. Não obstante, Antonieta de Barros brilhou na política, tendo sido reeleita em 1947, propôs a Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948, que estabeleceu 15 de outubro como o Dia do Professor, convertendo-o em feriado escolar no estado de Santa Catarina. Somente 20 anos depois, em outubro de 1963, esta data foi oficializada nacionalmente pelo então Presidente da República, João Goulart. Interessante observar que essa data fazia referência ao Decreto Real sancionado pelo Imperador Dom Pedro I, em 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila) que criou as escolas de primeiras letras, de ensino público e gratuito, no Brasil.

70 anos de criação da Universidade do Ceará
O advogado e professor cearense Antônio Martins Filho (1904-2002) foi o mais notável dentre os mentores da criação da Universidade do Ceará, em 1954, tendo sido o primeiro Reitor, posto no qual permaneceu até 1967. Criador do lema “o universal pelo regional”, o Prof. Martins Filho delineou o compromisso organizacional da Universidade Federal do Ceará (UFC) que vem sendo honrado ao longo dos anos: Como Universidade, cultivamos o saber. Como Universidade do Ceará, servimos ao meio. Realizamos, assim, o universal pelo regional. Sua missão é formar profissionais de excelência, gerar e difundir conhecimentos, preservar e divulgar valores éticos, científicos, artísticos e culturais.

20 anos do Mestrado POLEDUC
Criado através das Resoluções nº 12/CEPE (28/09/2005) e nº 09/CONSUNI (30/09/2005) o POLEDUC propõe-se a preparar profissionais com visão abrangente, espírito criativo e observador, capaz de buscar a eficiência organizacional pelo uso de teorias e ferramentas científicas nas áreas de Políticas Públicas, Educação Superior e Gestão. O POLEDUC foi aprovado pelo Comitê Técnico e Científico (CTC) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em julho de 2006, como curso multidisciplinar.

Jubileu de 2025
Celebrado a cada 25 anos, o Jubileu idealiza a renovação espiritual, o perdão e a peregrinação. O Papa Francisco (Buenos Aires, 1930) convocou oficialmente o Jubileu de 2025 através da Bula Papal Spes non confusat (A Esperança não decepciona) em 9 de maio de 2024 com o tema “Peregrinos de Esperança”. O Jubileu convida os fiéis católicos de todas as nações a uma jornada de expressão da fé pela oração e penitência, promovendo a reflexão e a reconciliação.
Para concluir, convidamos aos interessados nas temáticas abordadas nos artigos componentes do Volume 12 de 2025 da Revista Eletrônica Acta Sapientia a desfrutarem da leitura dos respectivos textos.
Salamanca (Espanha), 25/02/2025
Prof. Wagner Bandeira Andriola, PhD
Editor-Chefe
Profa. Adriana Castro Araújo, Dra.
Prof. Albano Oliveira Nunes, Dr.
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