Edição Atual

Prezados Leitores:
Com alegria e júbilo os Editores da Revista Eletrônica Acta Sapientia convidam os leitores a desfrutarem dos 11 artigos componentes do Monográfico intitulado Educação, Desenvolvimento e Modernidade. Nessa ocasião, celebramos os 420 anos da 1ª edição da magistral obra do espanhol Miguel de Cervantes Saavedra, intitulada El ingenioso Hidalgo Don Quixote de la Mancha, que continua atualíssima. Na capa original da obra há uma ilustração em que Miguel de Cervantes usou a frase latina Spero lucem post tenebras, que pode ser facilmente traduzida por Desejo luz após as trevas (espero la luz después de las tinieblas). Em um século marcado pelos trágicos acontecimentos decorrentes da Pandemia da COVID-19, da invasão russa à Ucrânia e, mais recentemente, do genocídio que Israel perpetra contra a população palestina da Faixa de Gaza, as palavras de Cervantes ressoam como desejo planetário: Spero lucem post tenebras. Assim como o Hidalgo Don Quixote buscou restituir os valores da justiça, da liberdade, da honra e do amor, estamos nós, em pleno século XXI, lutando pelos mesmos princípios, com alguns idealistas mais ferrenhos perdendo suas próprias vidas, inclusive. Por acaso o povo Palestino não tem os mesmos direitos do povo Israelense? Palestina e Israel não podem constituir-se como dois Estados independentes, que possam conviver e coexistir pacificamente? Assim como os “gigantes quixotescos”, a paz entre palestinos e israelenses é um ideal a ser perseguido com coragem, através do diálogo e da diplomacia. As mortes de quase 70.000 palestinos pelo governo israelense não vingarão as mortes dos 1.200 israelenses praticadas pelos atos terroristas do Hamas em outubro de 2023.
Por outro lado, a aplicação da Lex Talionis por Israel não servirá para obter paz duradoura, tampouco para reaver os 20 reféns ainda vivos em mãos do Hamas, ao contrário, somente incrementará sentimentos de ódio e de revanchismo. Na Bíblia Sagrada dos católicos o Profeta Ezequiel (18, versículos 30 a 32) asseverou: Portanto, ó nação de Israel, eu os julgarei, a cada um de acordo com os seus caminhos, Palavra do Senhor. Arrependam-se! Desviem-se de todos os seus males, para que o pecado não cause a queda de vocês. Livrem-se de todos os males que vocês cometeram e busquem um coração e um espírito novos. Arrependam-se e vivam. Palavra do Senhor.

A vida de Miguel de Cervantes através da 7ª Arte
El Cautivo (2025) é uma película espanhola escrita e dirigida por Alejandro Aménabar que aborda uma etapa da vida de Miguel de Cervantes Saavedra enquanto esteve aprisionado em Árgel, em 1575, e que mescla fatos históricos com ficção. Ao abordar temas como o comércio de vidas humanas, a desumanização de prisioneiros, as práticas de tortura perpetradas contra os encarcerados, as formas de expressão da fé e da religiosidade em ambientes de intensa pressão psicológica, as críticas veladas às religiões católica e muçulmana, as variadas práticas e expressões da sexualidade humana, e, por fim, a busca incessante pela liberdade de escolha o próprio destino e pelo amor, a narrativa “prende” o espectador nessa “teia multidimensional” imersa num cenário imagético espetacular.
A ênfase sobre a capacidade de Miguel de Cervantes de criar estórias e comunicá-las verbalmente, ocasionando estupor e encantamento entre os seus companheiros encarcerados e, igualmente, entre os carcereiros, é explorada profunda e brilhantemente ao longo de toda a trama. Ao fim da película, el cautivo poderá exercer plenamente o seu livre arbítrio, comovendo os expectadores com a sua decisão pessoal. Por fim, faz-se oportuno aclarar: o sobrenome Saavedra deriva-se do termo árabe shaibedraa (Šayb aḏ-ḏirā) cujo significado é “braço aleijado”, remetendo a um problema físico de Miguel de Cervantes, decorrente de ferimentos da sua participação como soldado da Armada Espanhola que compunha a Liga Santa, uma coalizão de estados católicos liderada pelo Papa Pio V, na famosa batalha naval de Lepanto, ocorrida em 07 de outubro de 1571, que infligiu dura derrota ao Império Otomano, de credo islâmico, com quase 40.000 mortos no total.
O trailer oficial da película pode ser apreciado em: https://www.youtube.com/watch?v=Zy4GBAoS7l4

El maestro que prometió el mar
A película El Maestro que prometió el mar (Espanha, 2023) foi dirigida por Patricia Font e escrita por Francesc Escribano e Albert Val, baseou-se no ensaio de 2013, Desenterrando el silencio. Antoni Benaiges: El maestro que prometió el mar. Trata-se da história do Prof. Antoni Benaiges Nogués, um catalão de Mont-roig del Camp que foi exercer o seu ofício na Escuela Nacional Mixta de Bañuelos de Bureba, uma pequena cidade da província de Burgos, no norte da Espanha, em 1934, pouco antes da Guerra Civil. O jovem professor implantou uma metodologia de ensino inovadora para a época, baseada na participação ativa dos alunos e no uso da imprensa (tipografia manual), obtendo resultados muito relevantes quanto ao aprendizado dos alunos. No final de julho de 1936, poucas semanas após o início da Guerra Civil, o Prof. Antoni Benaiges Nogués desapareceu da cidade de Bañuelos de Bureba. Durante mais de 75 anos seu trabalho e sua personalidade permaneceram na memória dos seus familiares e dos seus antigos alunos. Em 18 de julho de 2021, ao pé de uma tumba sem o corpo de Antoni Benaiges Nogués, pois, todavia, não havia sido encontrado (e segue sem o ser), foi prestada uma homenagem por aproximadamente meia centena de pessoas, dentre as quais alguns dos seus alunos fotografados ladeando o mestre, quando crianças (foto em preto e branco, ao lado). Foram depositados muitos objetos para lembrar o legado do Prof. Antoni Benaiges Nogués, dentre os quais fac-símiles das produções textuais dos alunos e fotografias. Uma lápide vermelha foi deixada para a posteridade.


Pode-se assistir o trailer oficial da película em: https://www.youtube.com/watch?v=UkWExYIkrY8

Os encantamentos da 1ª Escola
Quem não se lembra da sua primeira escola? Da sua primeira professora? Do primeiro texto que conseguiu ler? A película francesa A primeira Escola (França, 2024) escrita e dirigida por Éric Besnard aborda os desafios enfrentados pela Professora Louise Violet para implantar a educação formal em um pequeno vilarejo rural, 100 anos após a Revolução Francesa ter instituído os valores posteriormente expandidos para outros países ocidentais: educação pública como direito da população e dever do Estado. Assim, os princípios da escola pública, obrigatória, gratuita e laica são o mote da estória, cuja protagonista, a parisiense Louise Violet, terá como desafio convencer os adultos da pequena comunidade rural de que os conhecimentos que as crianças adquirirão na escola serão vitais para o exercício da cidadania na sociedade francesa em intensa transformação, permitindo-lhes exercer a liberdade e fazer escolhas sábias, inclusive, se assim o desejarem, permanecer no campo, como os pais, só que com outra bagagem cultural que somente a educação pode brindar-lhes. Para não transgredir a orientação paterna, o pequeno filho rejeita ir à escola, preferindo obter conhecimentos de marcenaria com o Alcalde e líder comunitário do vilarejo. No entanto, a Profa. Louise consegue convencer o pai, Rémy, a permitir a ida do menino à escola. Numa cena que ilustra a mensagem pujante da película, o infante aprendiz de marceneiro está a terminar uma linda prateleira de madeira, que ele próprio fez e que, estrategicamente, montou-a na parede situada ao lado da sua cama, onde coloca, carinhosamente e sob o olhar atento dos pais, o seu mais importante tesouro: um dicionário ilustrado que lhe foi presenteado pela Profa. Louise no primeiro dia de aula daquele outono de 1889, no bucólico vilarejo rural francês.
Pode-se desfrutar do trailer oficial em: https://www.youtube.com/watch?v=3rJUIS3Y3aE
Salamanca (Espanha), 24/10/2025
Prof. Wagner Bandeira Andriola, PhD
Editor-Chefe
Profa. Adriana Castro Araújo, Dra.
Prof. Albano Oliveira Nunes, Dr.
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